Sonhos entre as mãos, entre os dedos se vão

terça-feira, 10 de julho de 2007

Sentei na mesinha de balanço na varanda, como de costume, pus o meu boné, aquele sol radiante doía os meus olhos. Fiquei ali, de braços cruzados, com queixo enfiado no peito e o boné inclinado sobre os olhos. Quando levanto meu boné e olho em volta tudo está diferente, acordo em baixo de uma macieira, e próximo de outras árvores, acho que era um pomar, e mais adiante observava uma colina, manchada de musgo. O céu parecia mais azul do que antes, repleto de nuvens algodoadas. Sentia a forte brisa em meu rosto e o cheiro de terra úmida em contraste com as flores lembrava minha infância.

Subitamente ouço um riso, um riso leve, que alegrava os meus tímpanos, e me trazia uma sensação de bem-estar. Fui seguindo esse som... Deparo-me com uma bela mulher, de cabelos negros e compridos, bochechas rosadas, olhos verdes, com o sorriso mais lindo que já vi. Ela não falou nada, sorriu para mim, como se estivesse me chamando, pedindo para eu acompanhá-la, correu parecendo uma ninfa em direção a colina, e eu a seguindo sem saber o que meus passos diziam. Seu vestido rosa bebê oscilava com o vento quando chegou ao ponto mais alto da colina.

Enfim subi a colina ofegante, com meu coração disparado, eu fiquei à sua frente, ela não sorriu mais, ficou séria. Eu cheguei mais próximo, percebi que o cheiro de flores campestres ficava mais forte, como o cheiro de margaridas. Pus minha mão levemente em suas costas, e a outra em seu rosto aveludado, ela fechou os olhos e deu um leve sorriso com o cantinho da boca, fechei os meus olhos tocando meus lábios nos seus. Ao selar o beijo eu não a sentia, meus braços perderam-se no ar, ela desvaneceu. Abro os olhos e abruptamente tudo aquilo some, mas o agradável cheiro de margaridas ainda ficara em mim.

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