Grande Salto

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Aquilo não fora uma briga, nem tiro, nem atropelamento. Mas aquele silêncio indicava que nem tudo estava bem. Cheguei perto do pequeno círculo de pessoas que se formara em torno do acontecimento. Era uma jovem caída no chão. - Foi suicídio. - murmuravam. Tão bela, tão jovem... Não tinham muitas pessoas ali, talvez acontecera a pouco. E cada vez mais, misteriosamente, surgiam curiosos, como formigas que surgem pra pegar um pedaço de doce caído no chão. Eu, um dos curiosos, cheguei mais perto, fitando-a. Algo me chamava atenção: não havia nenhum resquício de sangue, só ossos quebrados, talvez... - a perícia ainda não havia chegado. - Mas o que realmente me intrigou foi seu corpo, estava virado para cima. Ela, com um vestido branco e de braços abertos, estava de olhos fechados, com uma feição serena e com o rosto virado para o céu. Como um anjo sem asas que precisa fazer um pouso forçado, e sem resultados esperados, se entrega, fecha os olhos, mas mesmo assim continua visando o céu.

1 escritos:

Paulo César di Linharez disse...

Fazia tempo que não comentava aqui!
Olha, seus textos, honestamente, tão bem mais maduros.
Parabéns!