Na Garrafa

domingo, 24 de maio de 2009

Em alguma noite
De solidão acompanhada
Nos bares de esquina
Cheios de conversa afiada
E escárnio
Cheiro de impureza
E alegria passageira
Ou tristeza profunda
Numa garrafa de vinho
Coloquei meu amor
E tapei com uma rolha
Joguei-o no mar
Sem muito saber
Onde ia parar
Mas quem o encontrar
Faça o favor de devolver-me
Eu esqueci de uma coisa:
Dar a última golada de vinho.

Grito!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Eu quero ser um grito!
Um grito descrito
E um grito escrito
O grito mais esperado
E o mais desesperado
O grito dos aflitos
E um grito de conflito
O grito de realidade
E o de teatralidade
O grito dos que temem
E dos que pretendem

Eu quero ser um grito!
O grito de imensa dor
E um grito animador
O grito da vitória
E um grito de escapatória
Um grito de virgindade
E um grito de virilidade
Um grito de felicidade
E de incredulidade
Um grito sozinho
Ou um grito com o vizinho

Eu quero ser um grito!
O grito dos mudos
E dos surdos
O grito de liberdade
E de insanidade
O grito mais silencioso
E o mais estrondoso
O grito da vida
E o da partida
E o grito mais bonito
É um grito infinito.

Um Sábio Entre Gigantes

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Um sábio gigante que conseguia alcançar os céus, assistia de cima tudo o que acontecia em baixo dos seus pés. Olhava do alto - pela janela de sua casa, nas nuvens - aquela confusão que acontecia: eram as formigas. Todo dia olhava aquelas formigas amontoadas, sem organização... Não entendia porque aquilo acontecia, então o gigante pediu para um amigo mágico que era seu vizinho e morava na casa das nuvens à sua frente que o transformasse em uma formiga. Nem se preocupou em fazer perguntas sobre a tal transformação e suas conseqüências, queria logo saber porque as formigas viviam daquele jeito.
Chegando lá em baixo ficou assustado com aquela confusão e caos. Umas comandavam e outras obedeciam, umas seguiam outras e outras eram seguidas, umas trabalhavam muito e outras não faziam nada, umas falavam alto e brigavam e outras se calavam e abaixavam a cabeça, muitas se amavam e outras continuavam solitárias. Percebeu que não eram formigas, eram pessoas iguais a ele, só que menores. Não gostou de ficar ali, preferia a tranqüilidade e calmaria do céu, mas era tarde demais, não tinha como falar com seu amigo mágico pois ele estava há milhares de metros acima. Tentou chamá-lo várias vezes pelo seu nome, mas foi em vão, poderia ficar ali até a eternidade e sua voz a chamar nunca ia alcançar os céus.
Frustrado e conformado, resolveu que iria ser uma formiga tal qual elas eram. Quando de repente escuta uma voz soprada no vento, que dizia:
- Não é porque você agora é formiga que deixou de ser gigante. Olhavas tudo de longe e não conseguias entender o que se passava, agora que estás da altura das formigas e observando tudo de perto, continue a olhar de cima como um gigante, mas olhe agora para frente. Sábios sempre são sábios, e conseguem enxergar alto de onde quer que estejam.

Outra Vez

domingo, 10 de maio de 2009

A
mente
vencera
o coração,
e estou feliz
pois nada mais sinto.
.

Poliamor Amador

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Eu amo muito[s].
Em cada canto
Deixo meu canto
E meu encanto

Em cada lugar
Tenho [um] amado
Tenho
[me] gastado
Me aproveitado,
Acabado... Gozado!

Como é possível amar tanto?
Assim, sem razão...
Amar o amar
Só por amar


Amo o calor
O ardor, o suor
O sabor, o vigor
Amo a dor


A dor de quem ama?
Sou um amador!

Que[m] diz que muito ama
Mas nada sabe.