Soldado Da Rua

sábado, 18 de julho de 2009

Sinal vermelho. Era uma noite linda, com poucas nuvens e estrelas, mas que tinha sua beleza pela lua minguante que sorria pra mim como Cheshire Cat. No sinal, algo me chama atenção: bolas de fogo que pareciam flutuar no ar. A cor preta dos malabares que pareciam tacos de baseball, se contrastavam com a noite. Achei aquilo mágico, quatro bolas de fogo levitando no ar. De repente ele perde a concentração e um dos malabares cai no chão, mas rapidamente ele o pega e a apresentação prossegue. O sujeito era branco, não tão alto, e careca, mas não um careca de calvice, um careca que quer ser careca, ou algo que o exige ser careca. Usava uma máscara de químico, e tinha o rosto e os braços sujos de algo preto, como soldados que fazem pinturas no rosto para de camuflar em alguma batalha. Percebi que a batalha dele era outra: a batalha do dia-a-dia, da noite-a-noite, a batalha da vida. Ninguém faz malabares no sinal pela pura e simples arte, mas porque foi a forma que encontraram de ganhar dinheiro. Ao terminar a apresentação, ele pára e olha atento aos primeiros carros. Ninguém com os braços estendidos para dar-lhe uma moeda, muito menos aplausos e prestígio. Ele vai caminhando entre os carros, passando por perto das janelas, em busca de “uma caridade”, mas nada dizia. Peguei algumas moedas na carteira, na verdade, todas as que eu tinha, nada que passasse de dois reais e de seu real valor. Ao ver que alguém - eu - estendia a mão pela janela, ele apressou o passo - o sinal não ia demorar para abrir – pegou as moedas e abaixou a cabeça em direção a janela do carro. Me olhou com olhos tão vivos e brilhantes ao mesmo tempo assustados. Sorri. Ele ficou paralisado, olhando-me por poucos segundos.
- Obrigada. – eu disse sorrindo.
Ele deu um estalo e voltou em si, mas não deve ter me entendido. Não falou nada, fez um gesto agradecendo e seguiu.


*texto antigo, dezembro de 2008*

Cons[ci]ente

sexta-feira, 10 de julho de 2009

- Porra, tu não tem limite! - ele diz, reclamando.

- Não, não tenho, não... - irônica e zangada, só digo isso e penso "ele realmente ainda não me viu passar dos limites".





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Ócio

terça-feira, 7 de julho de 2009

Ando tão apática
Porém tão pensativa...
Cheia de filosofia barata
Encontrada em qualquer
Banca de revista.