Alfabeto - parte II

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Não se passaram muito tempo, depois daquela conversa, então em uma noite de segunda que resolvi mudar, afinal, estava solteira e ele também, e ambos não queriam compromisso, o que eu perderia? Lembro que aula estava tão boa, que o professor nem iria se incomodar se eu levantasse. Ele estava ali, e como de costume, sentou na frente. Para não ter que levantar só pra falar com ele, tive uma idéia. Peguei meu caderno, e arranquei uma folha, já rabiscada, e fiz uma bolinha de papel. Levantei indo em direção ao lixo - que ficava na frente - como pretexto para falar com ele. Joguei a bolinha de papel no lixo, depois fui à direção dele, e sussurrei em seu ouvido:

- Eu te quero.
E dei-lhe um beijo do rosto. Ele me olhou meio espantado, nem disse nada. Dei um sorriso sem graça, e minhas covinhas apareceram mais do que nunca, e apesar de não ter um espelho ali, eu sabia que elas estavam aparecendo. E fiz de propósito, eu sabia que ele gostava das minhas covinhas. Virei e fui sentar-me, quando sentei e o olhei, ele me deu um sorriso meio sacana. Depois de um segundo o sinal bate, a aula acaba. Ele vem com um sorriso na boca falar comigo.
- Vem comigo, quero te mostrar uma coisa.
- O quê?
- Vem comigo, tá no carro, é um CD.
- Do NX? - perguntei, afinal, ele e eu gostamos.
- É, vem!

E eu fui. Ele sentou no bando do motorista, eu no de passageiro. Pegou o CD e pôs pra tocar. Rapidamente pegou a chave do carro e ligou, antes que eu percebesse, ele já estava dirigindo.
- Tá louco? Vai me raptar é?
- Quase isso.

Confesso que fiquei com um pouco de medo, não iria querer aparecer daqui há algumas semanas no linha direta, com uma atriz nada a ver me "imitando" e detalhe: sendo morta, ora mais! Exageros a parte, mas eu tinha que ligar para o meu pai pra avisar, afinal, ainda não sabia dirigir, e ele todos os dias me buscava.

- Tá me levando pra onde? Tenho que avisar meus pais.
- Pro céu.
- HAHAHAHA, vai me matar?
- Vou.
- Como?
- De amor.
- Hum...
- Se fosse matar de tirar a vida, você não iria pro céu.
- É, eu sei disso.
Falei cabisbaixa, pegando a bolsa pra ligar pro meus pais. Mas ele não deixou, segurou a minha mão e coloquei meio que forçada o celular de volta na bolsa.
- Não liga agora, não.
- Tudo bem.

Enquanto o NX tocava agente ia conversando. Até que ele parou o carro, estávamos em frente a praia, entre a praia e nós, estava a barragem. Não saímos do carro. Ele pôs uma música especial, mas não do NX, outra... e que até hoje quando escuto me faz lembrá-lo e lembrar daquele dia.
- Você gosta dessa música? - ele me perguntou.
- Gosto sim! - e eu realmente gostava.
- Então deixa tocar, vai ser a nossa trilha sonora.
Ele virou de lado, fitando bem seus olhos nos meus.
- Tá tudo tão lindo não é? O céu, o mar, o vento, a música... Você!
- Eu? Que nada, eu não sou bonita.
- Não é mesmo. É linda!
Fiquei com vergonha, e olhei para baixo. Ele se inclinou, tentando me olhar nos olhos, mas como não levantei, ele delicadamente pôs a mão em meu rosto, levando os seus lábios de encontro ao meu.
- Calma!
- Porquê? Fiz algo errado?
- Não, não é isso...
- O que é então?
- É que eu já tenho a sua letra...
- Você realmente se importa com isso? - e me olhou com um cara de cachorrinho pidão.
- Claro que não! Tô brincando.

- Idiota. - ele disse com uma cara de "uffa", e ai sim, nos beijamos.

Ficamos ali mais algumas horas, não por muito tempo, afinal, eu nem tinha avisado meus pais, que eu tinha certeza que me dariam uma bronca quando eu chegasse. Ele me deixou em casa, e nunca mais ficamos, e como ele havia dito, "ele só queria me pegar", mas amizade é tamanha que parece que
isso nem aconteceu.

Alfabeto - parte I

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Sempre sentava no fundo. Talvez para ter uma visão privilegiada da sala, além de compartilhar, risos, brincadeiras, e algumas cochiladas com a "galera do fundão". Todos os dias o via, dava um abraço bem apertado nele, e retribuia com um beijo na bochecha. Diferente de mim, ele sempre sentava na frente, não que isso significasse inteligência, mas era raro ele sentar no fundo. Certo dia, anotando concentradamente os dizeres do quadro de alguma aula da qual não me recordo muito bem, vejo com o canto do olho alguém se inclinando como se quisesse falar algo, era ele:
- Sabe o que eu tava lembrando?
- O quê?
- De quando agente tava na 6ª série e trocávamos várias mensagens no celular.
Olhei espantada, com o súbito assunto puxado, mas respondi com alegria:
- Ah, claro que eu lembro. Minha mãe até escondeu meu celular porque eu gastava todos os meus créditos contigo.
- Era? haha, não sabia disso.
- [...]
- Eu fiquei doidinho pra ficar contigo naquela época, eu até era "BV".
- É, eu também era, e também fiquei...
- Ficou o quê?
- Doidinha pra ficar contigo.
- Olha só. Agente aqui revelando coisas...
- Pra você ver como é...

E o silêncio foi feito entre nós, continuei com minhas anotações do quadro e ele também, cantando a parte de uma canção da qual nós gostamos: "se nada está tão bem, só estou perdendo tempo, só me responda agora... eu te feliz, todo esse tempo que esteve aqui...". Depois calou-se acho que criando coragem para me dizer...
- Eu ainda sou doidinho pra ficar contigo.
Olhei com espanto. Dei um riso que era meio de espanto, meio de vergonha, meio incrédulo, meio presunto, meio calabresa.
- É sério, queria ficar contigo ano passado, antes dele (?) ficar com você.
- Ah é muito.
- É sério, fica comigo.
- Desculpe, não posso.
- Claro que pode. Porque não poderia?
- Por vários motivos... Você é da mesma sala que eu, não dá certo.
- Mas eu não quero namorar contigo, só quero te pegar!
- Aí é que tá, eu quero namorar. E você acabou de terminar um relacionamento. E eu já tenho a sua letra.
- Minha letra?
- É, oras.
- Como assim, "minha letra"?
- Sabe o alfabeto? quero completar o alfabeto com a primeira letra dos nomes dos garotos. E a sua eu já tenho.
- Ah, que nada, repete a letra.
- Não. Só quando eu completar.
- Você é uma puta...
- Porquê? Só porque eu tenho sua letra? Grande idiota, você.
- Não. Você é uma puta de uma esperta.
- Porquê?
- Porque você nem deu a desculpa de que "eu não fico porque eu não gosto de você"...
- Não vejo nenhum mérito nisso.
- Mas eu vejo. Você é esperta a ponto de não cair meu "joguinho". Nem tem mais graça, eu errei na minha lábia e acabei soltando o "quero te pegar, e não namorar", e me surpreendeu quando disse que queria completar o alfabeto, nunca tinha escutado isso a maioria das garotas não são assim.
- Eu não sou como as outras garotas.
- Definitivamente, é bem esperta.
- Não, eu não sou esperta, eu sou muito pior.
- Porquê não?
- Porque nada do que eu te falei é verdade.


E verdade seja dita, é tudo mentira.

Espetáculo

terça-feira, 21 de agosto de 2007

E mais uma vez promessas foram feitas e nenhuma cumprida. A promessa de que os sentimentos seriam renovados a cada dia, promessas de sermos melhores, de que tudo seria diferente, assim como o garoto que não andou tão cedo de bicicleta por ter medo de se machucar , não repetir no mesmo erro e na mesma dor. Foi assim, sem medo. Mas às vezes penso que o que começa errado sempre vai terminar errado, e um passo fora da linha faz perder o equilíbrio, a sintonia, o encanto, e assim, foi o começo do fim de nossas vidas, distintas. É impressionante o poder que ele tem de acabar com a minha razão, e dá vazão a faculdade do sentimento, e o pior, o poder de misturar todos esses sentimentos de uma só vez, é devastador, sinto ódio, amor, rancor, ciúme, alegria, tristeza, e parecia que essa tempestade nunca ia acabar. O mundo era tão cinza e tão frio, ficava deitada na grama perdida em meus próprios sentimentos, olhando para o céu e vendo nuvens cinzas em contraste com o azul marinho do céu, sem nenhuma estrela a brilhar. Fiquei lá, horas e horas, com a chuva escorrendo pelo meu rosto, e minha roupa encharcada. Demorou, e enfim, os primeiros raios de sol começaram a iluminar aquele mundo cinza e sem cor, secando todos os resquícios do passado, e iluminando meus olhos, e pincelando de cores mútuas aquele mundo acinzentado, revelando belo arco-íris, que acabara de surgir. Tive a minha chance de mudar tudo isso, e essa tempestade não aconteceria - mas também não iria conhecer o outro lado, o lado do qual vai ver nem significava tanto pra mim - assim, vivi um mundo de mentiras, palavras ditas ao acaso, mas era um sonho. Acordei! Eu precisava acordar, precisava para dá um basta em tudo isso, em todas essas juras, e em esse teatro do qual eu era a protagonista, em que os sonhos não semeavam a realidade. Mas o espetáculo sempre acaba, e a palhaça tem que se despedir de seu público, pra mais uma vez, algum dia o espetáculo recomeçar, e assim, a cortinas se fecharam, mas se abriram para um novo mundo mais colorido e pode ter certeza, bem mais real.

Bicho besta

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Meninas, garotas, mulheres. A primeira coisa que você tem que entender é: não tente entendê-las, nem elas mesmas se entendem quanto mais vocês, homens. Mulheres são estranhas, complexas, e complexadas, fúteis, às vezes traiçoeiras, invejosas, ciumentas, mas mesmo assim sem elas vocês não vivem, homens (exceto os homossexuais). E que qualquer coisa, mísera que seja, já é motivo de uma fuziladora troca de olhares, como por exemplo, o fato de um garoto ter parado de ficar com uma garota pra ficar com outra, já é motivo de duas rixas, a primeira é a da garota que foi trocada, e a outra é a das amigas da garota que foi trocada, foda não?

É por isso que eu prefiro os homens, não me levem à mal, vocês que se dizem minhas amigas, mas é que os homens são mais legais. Talvez a magia de uma amizade entre o homem e uma mulher é de que ambos tentam entender o sexo oposto. Os meninos são mais fugaz, mais perspicaz que as meninas, bem, a maioria. Talvez eu seja diferente, ás vezes eu deixo meu ego masculino falar mais alto, até para tentar entendê-los, talvez isso explique a numerosidade de amigos que tenho. Mas há o lado ruim dessa amizade. Descobri que as meninas confiam piamente em uma amizade envolvendo só ‘sentimento de amigo’, mas a maioria dos meninos que tem amigas, ou têm algum interesse nela, ou começam a gostar, mas é claro que há suas exceções.
Aprendi que as meninas brigam ou não se gostam por dois motivos: homens e dinheiro. Seja pelo belo carro, seja pela bela casa, seja pelo bom emprego, seja por dever, o dinheiro ta envolvido em tudo isso. Mas, o homem é algo que se conquista (ou não). Casa, carro, emprego, com esforço, estudo ou um pai rico você consegue. Homem não, se eles já têm alguém, e você o quer, é muito mais difícil, principalmente se os sentimentos não forem recíprocos. E a capacidade que as mulheres têm de brigarem por causa de vocês, homens, é grande, além dos ciúmes sem razão, inventei 3 tipos de ciúmes, que se dividem em duas partes.

A primeira parte é do o “ciúme póstumo” que é aquele ciúme que as mulheres têm pela falecida mulher do seu marido, que ta quieta, lá na dela, e mesmo assim têm ciúme. Há também o “ciúme do passado” que é aquele ciúme de uma mulher que já passou pela vida do homem e mesmo assim sente ciúme, às vezes com razão, eu entendo, mas às vezes a pessoa já ta casada e com filhos, mas vem o “ciúme do passado” atormentar. A segunda parte é o “ciúme antecipado”, que talvez seja o mais comum, que é aquele ciúme que o homem não teve nada com a mulher, (talvez só haja uma troca de olhares), que é motivo das brigas de vários casais.

Talvez você, mulher, que tenha se identificado, não se preocupe o ciúme da mulher é algo totalmente normal, e racional. Vou Explicar, comparemos humanos á animais, no mundo animal, a fêmea só serve para procriação, e ela não sente ciúmes vamos supor, de um único galo que tem no galinheiro. Ou seja, se a mulher não sentisse desejo, e só servisse para ter filhos, ou saciar o desejo dos homens, ela estaria se comportando como os animais irracionais, mas não é assim, ela “luta” pelo que é seu, pelo futuro ou pai de seus filhos. Já o ciúme do homem é algo mais relacionado com o sexo, e mais irracional também. O homem pode ter ciúme até de uma prostituta que acabara de fazer sexo e que achou um novo cliente. Bicho besta.
Mas afinal, “quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração, e quem irá dizer que não existe razão?”. Vai saber...

:)

sábado, 4 de agosto de 2007

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"Só eu tenho a verdade absoluta a meu respeito,
e o que vocês fazem é distorcer os fatos."

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