Laços de outrora

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Não gosto de me sentir assim, tristeza não seria a palavra, mas acho que é um vazio, um vazio dentro do peito, que dá um apertozinho no coração só de lembrar. Como toda criança eu achava que amigos eram pra sempre, e estaríamos juntos, pro que der e vier. Mas nem sempre é assim, às vezes o destino é traiçoeiro e só nos deixa saudade, não falo da morte porque é algo que todos nós vamos passar um dia, mas me refiro à distância.

Queria que meus amiguinhos de infância, da escola e vizinhos ficassem sempre comigo, mas eles mudaram de escola, e eu mudei de bairro, e perdemos o contato. O mesmo vai acontecer agora, não é novidade pra mim que os amigos vão embora, pra outras salas, turnos, escolas, cidades, países, mas logo agora? No auge dos meus 15 anos, onde agora que eu to sabendo aproveitar e a descobrir a vida, vão me tirar essas pessoas que eu tanto gosto? Não é nenhum exagero, não me refiro às pessoas que vão fazer intercâmbio, porque seis meses, dez, um ano, passam muito rápido. E digo-lhes, muito rápido mesmo. Mas aquelas pessoas que vão embora para sempre e que eu nunca mais verei? Só vai ficar na memória os momentos que passamos juntos, e talvez na fotografia, e quando eu crescer, meus filhos vão perguntar “quem seria essa pessoa” e eu vou dizer que era um amigo, e um filme em minha cabeça vai passar, de como éramos felizes, e achávamos que nossa amizade seria pra sempre, mas cada um vai seguir seu caminho e vai doer tanto em meu coração como dói agora.

Não adianta dizer que a comunicação vai ser a mesma, porque não vai. Até mesmo os que mudarão da sala da escola, eu só poderei os ver nos intervalos, ou quando eu estiver chegando à escola e eles indo embora, talvez menos que 5 minutos para conversarmos, e matarmos a saudades. Mas os que talvez por obra do destino eu os encontre um dia, no começo vamos nos falar com freqüência, depois isso vai ficar cada vez mais raro, e a amizade que antes era tão grande, só vai passar de uma lembrança. Sei que não sou a amiga mais prestativa de todas, e não precisa ser um melhor amigo pra me fazer sentir falta, basta me fazer feliz. Mas só eu sei a saudade que já sinto do que estão distantes, e que vou sentir de pessoas que nunca mais verei.

Sonhos entre as mãos, entre os dedos se vão

terça-feira, 10 de julho de 2007

Sentei na mesinha de balanço na varanda, como de costume, pus o meu boné, aquele sol radiante doía os meus olhos. Fiquei ali, de braços cruzados, com queixo enfiado no peito e o boné inclinado sobre os olhos. Quando levanto meu boné e olho em volta tudo está diferente, acordo em baixo de uma macieira, e próximo de outras árvores, acho que era um pomar, e mais adiante observava uma colina, manchada de musgo. O céu parecia mais azul do que antes, repleto de nuvens algodoadas. Sentia a forte brisa em meu rosto e o cheiro de terra úmida em contraste com as flores lembrava minha infância.

Subitamente ouço um riso, um riso leve, que alegrava os meus tímpanos, e me trazia uma sensação de bem-estar. Fui seguindo esse som... Deparo-me com uma bela mulher, de cabelos negros e compridos, bochechas rosadas, olhos verdes, com o sorriso mais lindo que já vi. Ela não falou nada, sorriu para mim, como se estivesse me chamando, pedindo para eu acompanhá-la, correu parecendo uma ninfa em direção a colina, e eu a seguindo sem saber o que meus passos diziam. Seu vestido rosa bebê oscilava com o vento quando chegou ao ponto mais alto da colina.

Enfim subi a colina ofegante, com meu coração disparado, eu fiquei à sua frente, ela não sorriu mais, ficou séria. Eu cheguei mais próximo, percebi que o cheiro de flores campestres ficava mais forte, como o cheiro de margaridas. Pus minha mão levemente em suas costas, e a outra em seu rosto aveludado, ela fechou os olhos e deu um leve sorriso com o cantinho da boca, fechei os meus olhos tocando meus lábios nos seus. Ao selar o beijo eu não a sentia, meus braços perderam-se no ar, ela desvaneceu. Abro os olhos e abruptamente tudo aquilo some, mas o agradável cheiro de margaridas ainda ficara em mim.

17 de fevereiro de 2007

sexta-feira, 6 de julho de 2007

- Sim... Do que falávamos? Da historinha?
- Isso, isso! Vamos continuar...
- Eu estava de um lado, e você do outro. Eu estava pensando em você, mais você nem sabia que eu existia... só estava pensando em suas manobras de patins*
- Mas eu sempre sentia que faltava algo em minha vida. E sabia que lá no horizonte tinham as respostas para as minhas perguntas.
- E então, todos os dias você ia pra esse lugar refletir, pensar na vida... E encontrar o que faltava pra ela ser completa.
- Imaginava você nas nuvens, só via uma franjinha, e um sorriso lindo.
- E você achou a solução?
- Achei! Meio que sem querer...
- Então diga-me.
- Um dia, lá passando, cheguei a conclusão que tava perdendo tempo, e sabia que o que eu mais queria estava lá, do outro lado, porque não ir logo ao encontro dessa felicidade!? Então FUI! Fui até ela de canoa, mas a canoa furou, e afundou, tive que nadar, não desisti, nadei, nadei, lutei contra um Boto cor-de-rosa, ganhei, e fui cada vez mas rápido. Finalmente cheguei do outro lado, lá estava você, eu sabia, tinha certeza, achei o que me faltava! Estava completo, deu friozinho na barriga, fui até você, te olhei nos olhos, nem falamos nada por alguns segundos, sorrimos de um jeito mais que especial, e então nos beijamos, com os olhos bem apertados!
- Então, depois, se olharam felizes, não acreditando naquilo, passaram horas e horas conversando, e passeando de mãos dadas, até o anoitecer...
- Ele falou o que sentia, e das coisas que lhe fizeram ir até ela.
- Isso... E ela ficou muito feliz ao saber que ele enfrentou um Boto, e nadou contra a correnteza para vê-la... Conversaram muito tempo, riam e se divertiam, que o tempo passou e eles nem perceberam. Ela e ele tinham que se despedir e ir pra casa, seus pais já estavam preocupados, mas nenhum dos dois queria ir, e de coração partido se despediram...
- Fazer um final feliz?
- Claro que sim;
- Ele teve que nadar tudo de volta, coitado.
- Mas ela disse, que se algum dia ele à quisesse, ela ia ficar lá, esperando por ele, o dia que ele fosse novamente atravessar e nadar contra e correnteza.
- Ele percebeu que tudo ficou claro em seus olhos, e o que ele queria era que tudo desse certo. E falou: “tudo está ao nosso alcance”.
- E ela respondeu: claro que está, tudo é possível!
- Então, ele foi para sua casa, e fez de suas aventuras uma rotina, então conquistou a família da “guria”. E depois de toda dificuldade de conquista da família, eles puderam viver esse amor, o amor mais sincero e verdadeiro que já existiu. Fizeram tudo no tempo certo, e assim puderam viver a cada dia de suas vidas uma nova paixão pela mesma pessoa que estava do seu lado. Sempre apaixonados...
- E a cada dia que passava esse amor aumentava. E assim eles faziam que cada dia que esse amor durasse que fosse eterno, e procuravam aproveitar ao máximo.
- E esse amor era o combustível de suas vidas.
- E assim ficaram juntos o tempo suficiente pra ser inesquecível!

Fim.